Pontilhão e Cachoeira do Fundão

Uma pequena introdução!

Eu sou do interior, da região do Cerrado, da secura e do sol rachando! Por aqui não tem praia, mas nem por isso não tem passeio e viagem boa….

Criei no blog um espaço para uma série especial! Quero explorar e escrever sobre os interiores do Cerrado, as belezas naturais, as construções históricas, a comida e a bebida, e tudo mais que diz respeito a este povo, meu povo!

Para inaugurar essa série de artigos do blog, que eu chamei de “Desbravando interiores”, trago uma postagem muito especial! Especial porque ao escrevê-la, me debrucei sobre a história da minha terra natal, da minha cidade, Araguari, e foi muito maravilhoso fazer este exercício sobre um lugar que é tão conhecido para mim, mas para o qual eu ainda não tinha me voltado com este olhar que carrego em mim agora, de viajante curioso pelos lugares e por suas histórias….

CACHOEIRA E PONTILHÃO DO FUNDÃO

A história começa com um passeio realizado no feriado de Sete de Setembro! Um feriado na segunda que não permitia grandes viagens. O blog estava no forno, em construção, e eu estava com muita vontade de começar a produção de materiais novos depois de 5 meses de pandemia. Comecei a pensar no que poderíamos fazer no feriado e uma colega de trabalho postou umas fotos deste lugar. Comecei a pesquisar e vi que tinha algumas fotos na internet, uma ou outra matéria e alguns depoimentos no Google. Conversei com meus primos, que conseguiram mais algumas informações e fomos, meio que por rumo mesmo.

Então, resolvi juntar tudo o que encontrei, separando bem o que eu testei e o que eu apenas li sobre, para que você faça o passeio da melhor forma possível.

Como Chegar?

Basicamente, tem o caminho com aventura e o caminho sem aventura.

O caminho com aventura é seguindo os trilhos para passagem de trem, sendo muito realizado por ciclistas e até caminhantes mais em forma. Você pode ir por ele saindo de Uberlândia ou de Araguari.

Saída de Uberlândia: saída da Avenida Monsenhor Eduardo indo para o Industrial até chegar na Brasmix, passando pela antiga Estação do Sobradinho e seguindo para o Pontilhão.

Saída de Araguari: seguir pela continuação da Alameda Eugênio Nasciuti, depois que ela cruzar com a Avenida Bernardo Sayão por 2,6 km, quando você vai virar à esquerda e andar mais 3,1 km.

Uma outra opção de trajeto, sem tanta aventura, é seguir pela Rodovia BR 050, seguindo até uma entrada de estrada de terra, bem próxima a Antiga Estação de trem Stevenson (fiz um clipe para o meu casamento no trilho e o cenário da própria estação já é lindo!).

Saindo de Uberlândia pela BR 050: pelo GPS, você vai seguir, como se tivesse indo para Araguari, até passar pelo pedágio e fazer o primeiro retorno depois dele. A entrada vai estar um pouco depois da Estação Stevenson.

Saindo de Araguari pela BR 050: entra em uma estrada de terra antes da Estação Stevenson, segue por 7 minutos de carro até chegar no Pontilhão e na Cachoeira, passando debaixo dele.

No dia que nós fomos, nós juntamos os dois caminhos e também seguimos algumas indicações de quem já tinha ido. Saímos de Uberlândia e fizemos o segundo retorno depois do pedágio, ao invés do primeiro, como sugere o GPS. Aí entramos no lugar que indica no GPS para quem vem de Araguari, uma entrada antes da Estação Stevenson. Na estrada de terra, também não seguimos o GPS. Minha colega que foi pelo GPS, saindo de Uberlândia, conseguiu chegar lá com tranquilidade também. Para quem quiser, nosso caminho na estrada de terra foi este que está nas imagens abaixo.

O que fazer

Pra começo de conversa, tem os benefícios da prática da atividade física. Seja indo de bike, caminhando ou até mesmo de carro, como nós fomos, até bem próximo do pontilhão e da cachoeira, todo o cenário é um convite para andar um pouquinho mais, explorar as quedas d’água, subir, descer, andar pelos trilhos, sempre uma oportunidade de aliviar o estresse, colocar a cabeça no lugar e clarear as ideias.

Além disso, tem o revigorante contato com a natureza. No seu caminho você vai desfrutar de toda a beleza do cerrado, passando por cachoeiras, represas e fontes, curtindo a vegetação típica e o clima do passeio. Ao chegar no pontilhão, sentir o vento bater nos rosto, olhar o horizonte (no ponto mais alto dele, ele tem quase 100 metros de altura), ter a expectativa da possível chegada do trem, se banhar nas águas frias da cachoeira, meditar, se conectar consigo mesmo e com a natureza é sempre uma oportunidade maravilhosa!

Finalmente, um aspecto do passeio que me surpreendeu muito foi o contato com a história da minha terra, que envolve a geografia e o desenvolvimento industrial e comercial de Araguari, que alterou profundamente seus espaços e deixou marcas que estão até hoje entre nós e esteve muito presente neste passeio que nós fizemos.

Um pouco da história de Araguari

Para resgatar esta história, me baseei em um artigo acadêmico (é… a gente sai da academia, mas a academia não sai da gente) do Alexandre Jairo Campos de Souza e da Beatriz Ribeiro Soares, intitulado “A demolição do conjunto da Estação da Antiga Mogiana de Estradas de de Ferro em Araguari”.

Segundo eles, a paisagem urbana de Araguari é marcada pelo desenvolvimento ferroviário, que ocorreu a partir de 1930, com a chegada dos trilhos de ferro, vindo primeiro a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e, depois, a Estrada de Ferro Goiás. Com elas, vieram os investimentos, o aumento de empregos e a migração de pessoas de outras regiões para a cidade. A construção das sedes das companhias foi marcada por traços ingleses, com a chegada de materiais de de várias partes da Europa, como telhas e ferragens francesas. Os prédios passaram a ser referência paisagística na cidade, impulsionando grandes projetos arquitetônicos, como a construção de grandes armazéns, hospedarias, comércios, palacetes e casas arrojadas.

Entretanto, a partir da década de 1950, ocorreu um sucateamento das ferrovias brasileiras, com políticas de desestímulo a este sistema de transportes. A diretoria geral de uma das ferrovias mudou-se para Goiânia, deixando apenas as oficinas por aqui. O trecho da ferrovia que cortava a cidade ao meio passou a ser utilizado raramente e os trens de cargas e passageiros que saíam de Campinas-SP começaram a ter o ponto final em Uberlândia, uma vez que esta cidade se movimentou para garantir seu fluxo ferroviário. Isso provocou uma profunda estagnação na cidade, que levou à busca de novos mercados, com a implantação de lavouras.

Durante este período de crise ferroviária brasileira, várias cidades observaram a depreciação acelerada dos elementos ferroviários em seu território, que foram se mesclando aos novos empreendimentos. Em Araguari, assim que a estação final da ferrovia foi desativada, seu estado de conservação começou a comprometer o aspecto visual de uma área, antes próspera, da cidade. A situação de abandono perdurou até 2005, quando iniciou-se um processo de revitalização de algumas construções, inclusive o Palácio dos Ferroviários, que hoje abriga a sede da Prefeitura Municipal de Araguari.

Palácios dos Ferroviários – Araguari, MG.

Até hoje, estes antigos elementos que remetem à era ferroviária de Araguari ainda estão presentes na paisagem da cidade, e foi muito bom conhecer um pouco mais desta história.

E você, conhece a história da sua cidade e quais marcos ela preserva? Te convido a fazer este exercício com o lugar no qual você mora, talvez até um tour pelas construções mais relevantes historicamente. Comenta aqui embaixo como foi sua experiência e o que você achou desta história que eu contei sobre Araguari, a minha cidade!

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